DOR CRÔNICA: O que é e como tratar?
Uma em cada três pessoas no mundo sofrem de DORES CRÔNICAS, destas pelo menos 75% irão desenvolver incapacidade total ou parcial.
Mas o que é e como tratar a dor crônica?
O que é Dor Crônica?
A Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP) definiu a dor como: uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a uma lesão, real ou potencial.
Esta definição é bastante sucinta, mas abrange a complexidade do processamento da dor, contradiz as definições excessivamente simplistas, segundo as quais a dor é um evento meramente nociceptivo (dano aos tecidos), e ainda chama a atenção para as diversas influências psicológicas.
A dor pode ser AGUDA (duração inferior a 30 dias) ou CRÔNICA (duração superior a 30 dias).
Quais os tipos de Dor Crônica?
A DOR pode classificada segundo seu mecanismo fisiopatológico (sua causa) em três tipos:
a) dor de predomínio nociceptivo;
b) dor de predomínio neuropático e
c) dor mista.
Dor nociceptiva, ocorre por ativação fisiológica de receptores de dor e está relacionada à lesão de tecidos ósseos, musculares ou ligamentares e geralmente responde bem ao tratamento sintomático com analgésicos ou anti-inflamatórios não esteroides (AINES).
Dor neuropática é definida como dor iniciada por lesão ou disfunção do sistema nervoso, sendo mais bem compreendida como resultado da ativação anormal da via da dor ou nociceptiva. Contrariamente à dor nociceptiva, a dor neuropática responde pobremente aos analgésicos usuais (paracetamol, dipirona, AINES, opioides fracos).
Dor mista é o tipo de dor crônica mais frequente na prática clínica, este tipo de dor apresenta lesão tecidual e do sistema nervoso ao mesmo tempo. Um exemplo de dor mista é a radiculopatia (dor do nervo ciático por uma hérnia) ou a dor devida ao câncer (“oncológica”), casos em que não há somente compressão de nervos e raízes (gerando dor neuropática), mas também de ossos, facetas, articulações e ligamentos (estruturas musculoesqueléticas), gerando dor nociceptiva.
Como diferenciar os tipos de dor?
A dor nociceptiva é a dor na qual há dano tecidual demonstrável (osteoartrose, artrite reumatoide, fratura e rigidez muscular na dor lombar inespecífica, etc.);
A dor neuropática é a dor em que existe lesão ou disfunção de estruturas do sistema nervoso periférico ou central. Para esse tipo de dor são fundamentais a presença de descritores verbais característicos (queimação, agulhadas, dormências), uma distribuição anatômica plausível e uma condição de base predisponente, como diabetes ou quimioterapia;
A dor mista é a dor com lesão simultânea de nervos e tecidos adjacentes, como ocorre na gênese da dor oncológica, dor ciática e síndrome do túnel do carpo.
O que é Dor miofascial e fibromiálgica?
A síndrome da dor miofascial é uma condição caracterizada pela presença de ponto-gatilho (região que ao ser estimulada desencadeia a dor), com uma prevalência de cerca de 30% em pacientes ambulatoriais. Acredita-se ser causada pela atividade dos pontos gatilho distribuídos ao longo de músculos vulneráveis.
O diagnóstico da síndrome miofascial é estabelecido com base em pelo menos um dos seguintes critérios:
a) sensibilidade aumentada sobre um ponto de espessamento muscular;
b) resposta muscular local à manipulação do ponto-gatilho;
c) dor referida;
d) reprodução da dor usual;
e) restrição de amplitude de movimento;
f) fraqueza sem atrofia ou
g) sintomas autonômicos associados.
A fibromialgia é uma condição que se estima ocorrer em 8% na população geral e é marcada por dor crônica disseminada, fadiga, distúrbio do sono e sintomas múltiplos, tais como disfunção cognitiva (dificuldade de concentração e de memória) e episódios depressivos. Em função da maior ocorrência em mulheres, acredita-se haver mecanismos hormonais envolvidos na fisiopatologia da doença.
Como é feito o diagnóstico da Dor Crônica?
O seu ortopedista irá realizar o diagnóstico da Dor Crônica principalmente através dos sintomas relatados e dos sinais observados no exame físico. Em alguns casos selecionados, pode ser necessário solicitar alguns exames complementares para identificar a causa da dor, como radiografias, ultrassonografias, eletroneuromiografias, tomografias e ressonância nuclear magnética.
Mas apesar dos grandes avanços tecnológicos, a escala visual analógica (EVA) ainda é o melhor parâmetro de avaliação da intensidade da dor. Solicita-se ao paciente que assinale a intensidade de seus sintomas em uma escala de 0 a 10, correspondendo o zero a ausência de dor e o 10 a pior dor imaginável.
Como tratar a Dor Crônica?
Para um tratamento efetivo da Dor Crônica o paciente deve ser abordado de maneira holística, contemplando todos os aspectos relacionados a dor. Desta forma devem ser associadas medidas medicamentosas a não medicamentosas.
Tratamento não-medicamentoso:
Terapia cognitiva comportamental, uma abordagem da psicoterapia, que pode ser muito útil para auxiliar no tratamento de dores em geral, principalmente por tratar situações de depressão e ansiedade;
Massagem, uma excelente forma de tratamento, principalmente, para dores musculares associadas a contraturas e tensão;
Acupuntura e agulhamento, é uma ótima forma comprovada de aliviar dores do tipo miofascial, associadas a contraturas, osteoartrite e outras dores musculares crônicas;
Atividades físicas, praticadas regularmente, pelo menos 3 vezes na semana, é muito útil para aliviar diversos tipos de dor crônica;
Técnicas de relaxamento diminuem as contrações e melhoram a auto-percepção do corpo;
Fisioterapia, com terapia com calor local ou de reabilitação dos movimentos, útil para a melhora de todos os tipos de dor.
Tratamento medicamentoso:
O tratamento das dores nociceptiva e mista deve respeitar a proposta da Organização Mundial da Saúde (OMS) de escalonamento (Degraus da Escada Analgésica).
Já o tratamento da dor neuropática envolve o uso de medicamentos antidepressivos tricíclicos e antiepilépticos na maioria dos casos, sendo os opioides reservados somente a pacientes com dor a eles refratária.
Para maiores informações e esclarecimentos procure seu médico ortopedista.